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Frio aumenta o riscos para moradores de rua em Belo Horizonte

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Às 5h da manhã, na Avenida Bias Fortes, em Belo Horizonte, Rogério de Sousa, de 56 anos, se prepara para começar a andar pelas ruas e esquentar o corpo.

Como Souza, quem encara as madrugadas geladas sem teto e, na maioria das vezes, com apenas um cobertor pode se preocupar. Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Geoclima, no próximo fim de semana, a mínima pode variar de 6°C a 7°C na cidade – recorde de frio.

Até a próxima segunda, BH está em alerta de baixa temperatura, comunicou a Defesa Civil Municipal. Uma massa de ar polar que ontem trouxe neve a pelo menos 13 cidades no Rio Grande do Sul chega hoje ao Estado e deve derrubar as temperaturas também no Sul de Minas.

“Peço a Deus para passar esse frio”, desabafou Souza, que passou a viver nas ruas há menos de um ano, quando perdeu o emprego em um galpão de materiais recicláveis. O frio intenso pode trazer riscos à saúde e devem ser tomadas medidas de prevenção, como se manter agasalhado e ter alimentação equilibrada. “O inverno potencializa uma série de condições de saúde, especialmente ligadas a problemas respiratórios. Aumenta o risco de virose, pneumonia, sinusite, alergias, e a pele fica mais ressecada, com rachaduras. Aumenta o risco de doenças cardiovasculares, sobretudo infarto”, explica Kleisson Antônio Maia, membro da diretoria da Sociedade Mineira de Cardiologia.

Outro problema que tende a atingir pessoas em situação de rua no frio extremo é a hipotermia, que pode inclusive levar à morte. Entre os sintomas estão diminuição do ritmo cardíaco, palidez, tremores, dificuldade para respirar, confusão mental e sonolência. “É necessário ficar atento”, alertou Maia.

Na maioria dos pontos onde ficam pessoas em situação de rua, o papelão é usado como cobertor e para cobrir o chão. “Quem consegue pegar fica no lucro”, observou um jovem de 27 anos que vive na rua há dois anos e pediu anonimato.

Fogo, café e cachaça “ajudam” 

Há cerca de dois meses, Renato Quadros Maio, 54, vive nas ruas após sair de uma clínica de reabilitação. Sozinho em BH, já que a família é de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, ele cata papelão. “Pego os papelões durante o dia e, durante a noite e a madrugada, faço uma fogueira para esquentar”, afirmou. 
Na rua há mais de 40 anos, Paulo César Santana, 55, afirma que “precisou se acostumar” com o frio. Durante o dia, quando consegue ganhar algumas moedas, compra um cafezinho para “esquentar”. “Tem dia que eu não consigo levantar daqui onde fico”, descreve. 

“Outro dia, achei quatro blusas de frio no lixo, peguei uma para mim, e as outras três dei para os meus amigos. Não posso ver um amigo tremendo de frio e não fazer nada. Bebo pinga, mas ela não espanta o frio. Eu queria sair da rua, não compensa”, finalizou. 

Solidariedade

Há quase seis anos, semanalmente, pessoas em situação de rua da capital são ajudadas por voluntários do Sopão Solidário, que entregam 50 marmitex na cidade. O grupo se encontra às quartas, às 19h30, na praça Hugo Werneck, no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul.

“Também cadastramos famílias carentes e entregamos cestas básicas. A sopa ajuda muito a amenizar o frio. Nós fazemos e saímos para distribuir, então ela chega ainda muito quente”, disse a coordenadora do projeto, Shirley de Oliveira Soares.

Como ajudar

Toda doação é bem-vinda ao Sopão Solidário, mas o que os voluntários mais precisam é de macarrão, molho, salsicha, embalagens de marmitex, copos, colheres descartáveis, cobertores, roupas, meias e alimentos para cestas básicas. 

O contato do grupo é o Instagram @sopao.s. Doações podem ser entregues na rua Mário Filho, 400 E, no bairro Aparecida. 

Via: O Tempo